Retrotopia

O conceito Retrotopia, de Zygmunt Bauman, disseca o fenómeno atual da busca por um mundo melhor não mais num futuro a ser construído, mas no recurso a ideias e ideais do passado.

Retrotopia, refere-se a uma terra estrangeira: um território desconhecido, não-visitado, não-testado e, em suma, não-experimentado. Essa é precisamente a razão pela qual se recorre a retrotopias, de forma intermitente, sempre que se procura uma alternativa ao presente. É, por essa razão, uma visão seletiva e obedientemente suscetível de manipulação.

Ao observarmos o salto pantagruélico que a sociedade contemporânea dá no sentido da construção de caminhos solitários, desprovidos de dialética, de partilha democrática, de construção de pensamento crítico, de desenvolvimento de inteligência emocional, encostámo-nos a Bauman e a Aristófanes para, a partir de uma comédia escrita há mais de dois milénios, perceber se ainda reverberam em nós os ecos que a geraram. E sim, reverberam!

Dois homens, saturados de viver em sociedade, cansados de regras e de que os mandem fazer coisas que não lhes apetece, compram dois pássaros-bússola e viajam em busca de uma terra pacífica, a terra dos pássaros, para que possam, finalmente, viver em paz. Mas a paz imposta tem outro nome. O que não se sabe é que os pássaros já cá andam há muito tempo e têm cloacas certeiras.

AUTORIA | Alexandre Oliveira, a partir de “As Aves”, de Aristófanes

DIREÇÃO, SONOPLASTIA E OPERAÇÃO E ESPAÇO CÉNICO | Alexandre Oliveira

ADEREÇOS, FIGURINOS E MÁSCARAS | Construção Coletiva

TELAS E ARTE PLÁSTICA | Gabriella Oliveira

FANTOCHES | Cátia Soares e Rita de Brito

ILUMINAÇÃO E MONTAGEM |  Alexandre Oliveira e Diogo Marques

IMAGEM GRÁFICA | Tiago Cerveira

PRODUÇÃO EXECUTIVA | Luiz Serrano